Patologia

OLHO SECO

De acordo com a mais abrangente definição (report of the Definition and Classification Subcommittee of the International Dry Eye WorkShop)  olho seco é uma doença multifactorial das lágrimas e da superfície ocular que resulta em desconforto, distúrbios visuais e instabilidade do filme lacrimal, com dano potencial para a superfície ocular. É acompanhada por osmolaridade aumentada do filme lacrimal e inflamação da superfície ocular. É um problema muito frequente que afeta mais frequentemente adultos e mulheres e que causa impacto significativo na qualidade de vida.

Filme Lacrimal
Filme Lacrimal

Os principais sintomas são a sensação de corpo estranho, ardência, prurido e fotofobia, acompanhadas de imagens desfocadas e fadiga visual. É frequente o lacrimejo, o que confunde um pouco os doentes face ao nome deste problema. Na verdade, a estrutura do filme lacrimal não é composta apenas por água. É constituída por uma fina camada lipídica superficial produzida principalmente nas glândulas de meibomius e por uma camada interna mais espessa contendo muco diluído.

Blefarite
Blefarite

Quais são as causas e os mecanismos envolvidos? 

A disfunção de um sistema integrado que inclui as glândulas lacrimais, a superfície ocular (córnea, conjuntiva e glândulas de meibomius), as pálpebras e os nervos sensoriais e motores que as integram resultam na alteração do filme lacrimal que confere proteção, lubrificação e permite a renovação de células epiteliais da córnea. A doença leva potencialmente a queratite, úlceras corneanas, crescimento de vasos sobre a córnea (desejavelmente transparente), adelgaçamento e até por vezes a perfurações corneanas.

Glândulas de meibomius
Glândulas de meibomius

O olho seco pode ser relacionado com défice aquoso como ocorre no Síndrome de Sjogren (exocrinopatia na qual um processo autoimune atinge as glândulas lacrimais e salivares, diminuindo a secreção lacrimal) ou sem características autoimunes como no caso mais comum do olho seco relacionado com a idade, com a hipossecreção reflexa (por exemplo com uso crónico de lentes de contacto, levando à hipoestesia da córnea ou em doentes diabéticos, em associação com neuropatia autonómica ou sensorial), em casos de drogas sistémicas ou obstruções do ducto lacrimal. Por oposição também pode ser evaporativo, relacionado com deficiência lipídica (glândulas de meibomius), alterações palpebrais, baixa frequência no pestanejar (actualmente com grande incidência em relação com o uso intensivo de computadores), deficiência de vitamina A, acção de agentes tóxicos locais (como alguns produtos conservantes que podem induzir uma resposta tóxica), uso de lentes de contacto, alergias oculares ou muitas outras causas.

Como se diagnostica?

O diagnóstico baseia-se nos sintomas e principalmente na observação à lâmpada de fenda, realizada pelo oftalmologista. Apoia-se na análise dos resultados de testes que analisam o fluxo, o turnover ou a estabilidade lacrimal (estudo do menisco lacrimal, testes de Schirmer e análise dos tempo de ruptura do filme lacrimal -BUT) e os danos na superfície.

Exame Biomicroscópico
Exame Biomicroscópico

Existe forma de prevenir?

A prevenção inclui a eliminação de fatores que diminuam a produção lacrimal ou a sua evaporação, como o uso de medicações sistémicas (anti histamínicos e antidepressivos, por exemplo) ou o controlo da humidade (cuidado nos espaços com ar condicionado).

Os ecrãs de computadores e outros ecrãs vídeo devem ser usados a um nível inferior ao dos olhos, diminuindo o espaço entre as pálpebras e a evaporação. No trabalho de leitura ou no computador devem realizar-se pausas com os olhos fechados.

O tratamento durante muitos anos consistia principalmente na prescrição de lubrificantes oculares, evitando os que têm agentes conservantes. A denominação de lágrimas artificiais não é adequada, pois a maioria dos produtos existentes não possuem composição semelhante às das lágrimas.

Nalguns casos poderão ser utilizadas técnicas que passam pela estimulação da secreção, substitutos biológicos, ácidos gordos essenciais ou anti-inflamatórios. Nos últimos anos o aparecimento dos tratamentos com luz pulsada – IPL – permitiram melhorar muito os tratamentos deste problema, que origina mal estar, perdas de produtividade e de performance visual, como por exemplo, redução da capacidade de leitura ou condução.

Utilize o formulário abaixo para efetuar a marcação da sua consulta.

Ou faça a sua marcação por WhatsApp

Tratamentos Associados